Neblina

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Luz da noite,
prata azul lunar
nas caudas negras de teu rosto.
Fendas cintilantes
entremeiam nossos atritos.
Músculos, fibras tesas,
gestos cálidos, líquen.
Somos agora justificativa
para o acaso que nos une,
escolta poeril da terra
que flutua no lúmen.
Apenas palavras abstensas
(lastros abertos ao fogo)
poderiam dizer tais coisas,
e por isso sou um náufrago
dessa liberdade, a devastação
no pesadelo de homens comuns.
Saber melhor depois do fim,
lembrar de reinos duplicados,
caçar abismos em limite,
sangrar a crueldade dos caminhos,
limpar chagas com novos hinos.
Voltam assim tuas safras
colhidas por lâminas cegas
e as penumbras desse ardor
caem sobre meus pés como
o solstício de um nítido dilúvio,
lá onde imprevisíveis lampejos
inscrevem nas pedras
a tua cuidadosa presença.

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