É preciso, afinal
nascer vencido pela solidão.
Eu poderia lhes dizer sobre
a coragem do esquecimento.
Poderia lhes dizer ainda sobre
o inconstante corpo dos poetas.
Mas o louvor da impiedade
é para poucos.
E quem, afinal
sabe o que isso significa?
Não há hinos ou bandeiras
nos recantos obscuros da verdade,
apenas idiomas em urros
desabados sob o tempo do cruel.
Como sofrem essas
lindas bestas em criação.
Tudo, afinal
para sentir algo se dizendo.
E o que é dito persegue
as alcunhas torcidas do artista
como cobras camufladas
num pasto alagado.
Não há fuga
para o belo.